Para não sentires o tremendo fardo do tempo que te
pesa sobre os ombros e te verga ao encontro da terra,
deves embriagar-te sem cessar: com vinho, com poesia, ou
com a virtude. Escolhe tu, mas embriaga-te.
E se alguma vez, nos degraus de um palácio, sobre as
verdes ervas de uma vala, na solidão morna do teu quarto,
tu acordares com a embriaguez atenuada, pergunta ao
vento, à onda, à estrela, à ave, ao relógio, a tudo o que passou,
a tudo o que murmura, a tudo que gira, a tudo o que canta,
a tudo o que fala: pergunta-lhes que horas são: "São horas de te embriagares.
Para não seres como os escravos martirizados do tempo,
embriaga-te, embriaga-te sem descanso.
Com vinho, com Poesia, ou com a virtude".
Charles Baudelaire
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